O cenário de 2025 revela um quadro desafiador para milhões de brasileiros. Com recordes de endividamento e inadimplência, torna-se essencial compreender os fatores que alimentam esse ciclo e as oportunidades que podem surgir.
Em junho de 2025, 78,5% das famílias brasileiras já estavam endividadas. Em outubro, o índice alcançou 79,5%, o maior patamar desde o início das estatísticas em 2010. Esses números expressam um crescimento constante, reflexo direto das dificuldades econômicas e dos altos custos de vida.
Famílias brasileiras estão endividadas em números recorde, com dívidas que vão desde o rotativo do cartão de crédito a contas básicas de consumo.
Ao mesmo tempo, entre 47% e 49% da população adulta encontra-se inadimplente, totalizando cerca de 78,2 milhões de pessoas com débitos acima de R$ 482 bilhões atrasados há mais de 90 dias. A dívida média por pessoa varia de R$ 1.500 a R$ 4.700, dependendo da região.
A composição das dívidas mostra que o cartão de crédito continua sendo o maior vilão, responsável pela maior parte das negativação. Em seguida, destacam-se contas de água, luz e telefone, além de empréstimos pessoais e o custoso rotativo do crédito, com juros médios de 451% ao ano.
Esses elementos compõem um ciclo vicioso do endividamento, no qual os juros altos elevam o custo dos atrasos e dificultam a quitação das dívidas. Além disso, 83% dos negativados em 2025 já haviam registrado inadimplência nos 12 meses anteriores, evidenciando a reincidência.
A inadimplência varia conforme região, sendo mais grave em estados como Amapá (64%), Distrito Federal (60,9%) e Rio de Janeiro (57%). Outras áreas apresentam índices menores, mas ainda assim preocupantes.
Essas desigualdades refletem fatores econômicos locais, variações de renda e diferenças no acesso a políticas públicas e programas de crédito.
O comprometimento médio da renda familiar com dívidas alcança 27,9%, percentual que exclui financiamentos imobiliários e sobe para 25,8% quando eles são considerados. Esse alto comprometimento limita a capacidade das famílias para enfrentar emergências e obriga muitas a recorrerem novamente ao crédito.
Além disso, a faixa de renda entre 5 e 10 salários mínimos registrou maior incremento no endividamento, enquanto a inadimplência se acentuou em lares com renda entre 3 e 5 salários mínimos. Para muitos, enfrentar um imprevisto sem recursos próprios tornou-se praticamente impossível.
No primeiro semestre de 2025, 450 milhões de pedidos de crédito foram realizados, um crescimento de 160% em relação ao ano anterior. Essa expansão, impulsionada por fintechs e programas governamentais, pode representar expansão do acesso ao crédito para classes antes desassistidas.
No entanto, existem riscos estruturais que não podem ser ignorados. O alto comprometimento de renda e a participação de 29,5% das famílias incapazes de pagar suas dívidas atrasadas revelam um cenário preocupante.
Para o fim de 2025, projeções da CNC indicam alta de 1,1 ponto percentual no endividamento e de 1,4 ponto na inadimplência. A virada do quadro depende de cautela dos consumidores deve aumentar e de possíveis mudanças fiscais ou políticas no sistema financeiro.
O cenário pós-pandemia já evidenciou que o endividamento e a inadimplência atingiram um novo patamar estrutural. Se, por um lado, há oportunidades de inclusão e expansão de crédito, por outro, o país enfrenta o desafio de equilibrar custos e acessos.
Para enfrentar essas questões, é fundamental que famílias e gestores adotem práticas de planejamento, renegociação e, sobretudo, valorizem a educação financeira é essencial para mudanças. Com informação e disciplina, é possível reduzir riscos e transformar crédito em instrumento de crescimento, não em armadilha.
Em um contexto tão complexo, compreender as raízes do endividamento e agir de forma estratégica são atitudes-chave para todos que desejam navegar pelo mercado financeiro brasileiro em 2025 com segurança e esperança.
Referências