O papel da energia no desenvolvimento econômico ultrapassa a simples oferta de eletricidade ou combustível. No Brasil, a relação entre matriz energética e evolução da economia revela-se uma das matrizes mais limpas e competitivas do mundo. Com dados recentes apontando que 88% da eletricidade vem de fontes renováveis, torna-se indispensável compreender não apenas o cenário atual, mas também os impactos do preço da energia e as perspectivas futuras para a sustentabilidade e crescimento do país.
Historicamente, o Brasil construiu uma matriz diversificada e majoritariamente limpa, sustentada por hidrelétricas e ampliada por fontes emergentes como solar e eólica. Em 2024, 49,1% de toda a energia consumida no país já era proveniente de fontes renováveis, muito acima da média global. A combinação de condições naturais favoráveis e políticas públicas governamentais fortaleceu a liderança brasileira em energia limpa.
As principais fontes renováveis em 2023 apresentaram crescimento notável:
Em conjunto, as fontes solar e eólica responderam por 23,7% da eletricidade gerada, sinalizando um salto rumo à descarbonização e menor dependência de termelétricas movidas a combustíveis fósseis.
O consumo total de eletricidade no Brasil atingiu 762,9 TWh em 2024, crescendo 5,5% em relação ao ano anterior. Quando calculamos o consumo per capita, percebemos que o brasileiro utiliza em média 8.954 kWh/ano, mais que o dobro da média mundial (3.183 kWh/ano). Esse indicador reflete tanto o nível de industrialização quanto o acesso quase universal à energia, com 99,8% dos domicílios conectados à rede.
As projeções mostram que, em condições de preço competitivo, o PIB brasileiro pode receber um impulso significativo. Estudos calculam que, até 2033, manter tarifas de energia mais baixas poderia resultar em um acréscimo de R$ 2,625 trilhões no PIB. Esse efeito decorre de maior investimento industrial, menor custo de produção e inflação controlada.
Ao longo dos últimos 22 anos, o preço da energia elétrica e do gás natural apresentou tendência de alta, pressionando custos industriais e diminuindo a atratividade de novos investimentos. Com tarifas elevadas, setores como indústria, transportes e serviços essenciais (saúde, educação e abastecimento de água) enfrentam desafios financeiros crescentes.
O gráfico abaixo ilustra, em forma de tabela, os principais indicadores econômicos relacionados ao preço da energia e seu impacto projetado no crescimento do PIB:
Além dos reflexos diretos nos custos de produção, o preço da energia tem efeito multiplicador na economia, influenciando desde o poder de compra das famílias até a atração de capital estrangeiro.
Embora o Brasil esteja em situação privilegiada, permanecem desafios que exigem atenção e ação coordenada entre governo, setor privado e sociedade civil. Entre os pontos críticos, destacam-se:
Paralelamente, a modernização das redes, o estímulo à geração distribuída e a expansão do mercado livre de energia são determinantes para consolidar um ambiente mais competitivo e eficiente. A digitalização, por meio de smart grids, pode otimizar o consumo e reduzir perdas, garantindo maior confiabilidade.
Olhar para o horizonte de 2050 revela um enorme potencial de redução de até 80% das emissões do setor de energia, mantendo a economia em franco avanço. A integração de políticas de eficiência, inovação e incentivo a novas tecnologias, como hidrogênio verde, pode, definitivamente, posicionar o Brasil como líder na transição energética global.
Em suma, o preço da energia é um fator estratégico que influencia diretamente o ritmo de desenvolvimento econômico e social. Manter as tarifas em patamares competitivos, diversificar ainda mais a matriz e investir em infraestrutura são passos essenciais para que o Brasil colha os frutos de um crescimento sustentável, reduza desigualdades e fortaleça sua presença nos principais fóruns internacionais.
Referências